Itaipu aumenta em 187% valor para contratar empresa de eventos

Exigências

O edital inicial incluiu especificidades não exigidas no contrato em vigor.

Para se habilitar, a candidata deveria apresentar atestado de capacidade técnica que comprovasse já ter realizado, em um mesmo dia, simultaneamente, dois eventos: um deles com no mínimo 100 participantes; e outro com disposição de assentos em "U" ou "O" e a presença mínima de 50 pessoas.

Uma exigência que nem o Ministério da Gestão fez para a contratação da empresa que irá organizou o G-20.

Além disso, em pelo menos um dos eventos deveria comprovar a participação de chefes de Estado (nacional ou estrangeiro) ou autoridades do primeiro escalão internacional.

O edital original da Itaipu determinava, ainda, que a empresa licitante comprovasse a realização, nos últimos cinco anos, de um show ou espetáculo aberto ao público, com pelo menos 2.000 participantes.

As concorrentes também tinham que comprovar experiência na montagem de estandes institucionais com tamanho mínimo de 100 m² e contendo ao menos três dos seguintes elementos: painéis de LED, tótens informativos, espaços imersivos, mini auditório ou realidade aumentada.

Após o UOL questionar a Itaipu, a binacional reformulou o edital e retirou essas exigências.

"Na data de 03/02/2025, foi emitido o Aditamento 3 ao Caderno de Bases e Condições do processo NF 1823-24, por meio do qual a Itaipu, por meio da autoridade competente, revisou os requisitos de habilitação do certame", informou a empresa, sem comentar os motivos do recuo.

As regras também haviam sido contestadas por parte de interessadas na licitação, que alegaram que as exigências restringiam desnecessariamente a concorrência.

Uma das empresas, que entrou com pedido de impugnação do edital, alegou que os requisitos "extrapolam os princípios da razoabilidade e proporcionalidade" ao vedar, por exemplo, quem não possui histórico específico de disposição de assentos em "U" ou "O".

Outra empresa alegou que as exigências "se prestam simplesmente a dificultar ou até impedir a competição."

"Janjapalooza"

Essa não é a primeira polêmica envolvendo essa área da Itaipu. No ano passado, a binacional patrocinou um evento promovido pela primeira-dama, Janja da Silva, apelidado pela oposição de "Janjapalooza".

Foi no festival Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, realizado simultaneamente à cúpula do G-20 Social, no Rio de Janeiro, que Janja xingou o empresário Elon Musk. O bilionário dono do X e da Tesla acaba de assumir o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês) do governo Donald Trump.

Antes de assumir o relacionamento com o presidente da República, Janja atuou por 14 anos na Itaipu. "Eu não tenho medo de você, inclusive... F... you Elon Musk!", disse ela na ocasião.

Gastos

O presidente da Itaipu é o ex-deputado federal Enio Verri (PT-PR). Ele foi indicado para o cargo pelo presidente Lula em janeiro de 2023.

Na posse, Lula disse que Verri "comprometeu-se a fazer com que o dinheiro da usina hidrelétrica Itaipu Binacional seja gasto da melhor forma possível".

"Itaipu precisa voltar a ser uma empresa extraordinária como sempre foi. Precisa ter em conta que ela tem que contribuir com o desenvolvimento do País, tanto do Brasil quanto do Paraguai. Não é apenas vendendo energia, é com o pouco de dinheiro que a empresa recebe, compartilhar com a sociedade, para que a sociedade receba os benefícios que tem que receber", afirmou Lula.